domingo, 14 de setembro de 2008

Memória do Futebol Baiano - Galicia


Alcunhas: Azulino, Granadeiro, Demolidor de Campeões

O Galícia Esporte Clube é um clube do futebol baiano com sede em Salvador, capital do estado da Bahia, na Região Nordeste do Brasil.

História

O Galícia foi fundado em 1 de janeiro de 1933 por imigrantes espanhóis provenientes da Galícia. Seu primeiro presidente e um dos fundadores foi Eduardo Castro Iglesias.
O clube foi o primeiro tricampeão do Campeonato Baiano de Futebol e praticamente dominou o panorama futebolístico da Bahia durante seus dez primeiros anos de fundação, tendo sido campeão nos anos de 1937, 1941, 1942 e 1943 e vice-campeão em 1935, 1936, 1938, 1939 e 1940. Depois desse período áureo, voltou a ser campeão baiano somente em 1968, obtendo ainda quatro vice-campeonatos em 1967, 1980, 1982 e 1995.
Em 1935 o Galícia venceu o Torneio Início, que era uma espécie de pré-temporada. Era uma disputa entre os principais clubes da Bahia, antes do Campeonato Baiano, ou Campeonato da Cidade como também era chamado. O primeiro jogo do Torneio foi contra o Bahia [venceu por 2x0].
Na semifinal, pegou o Botafogo e venceu por três corners a zero [quando o jogo terminava empatado no tempo regulamentar, havia uma prorrogação, tempo extra. Se continuasse empatado, eram contados os escanteios. Quem tivesse mais escanteios ao seu favor era o vencedor do jogo].
Já na final, o Galícia enfrentou o Ypiranga e venceu por quatro corners a zero. Em 1936 os granadeiros conquistaram o vice-campeonato, jogando contra o Vitória. Não foi uma final. O Campeonato era por pontos corridos. E, no jogo que valia a segunda colocação, o Galícia deu 3x1 nos ‘Leões da Barra’.
O primeiro título baiano do Galícia veio em 1937. O time campeão era formado por De Vinche, Bubu e Bisa; Ferreira, Vani e Walter; Dedé, Servilho, Vareta, Bermudes, Palito e Moela. Nos arquivos de jornais da época não foi possível encontrar detalhes dessa conquista, dado o elevado grau de deteriorização dos mesmos. O que temos é essa bela e antiga fotografia extraída do Jornal Diário de Noticias, que presenteamos a você, torcedor galiciano.



O acontecimento esportivo de mais notoriedade dos anos de 1940 foi à conquista do Tri-campeonato Baiano pelo Galícia. Os três anos seguintes a 1940 foram determinantes para sagrar o Azulino como um grande clube de futebol baiano. A mídia, que havia criticado os azulinos pelas campanhas não muito convincentes nos anos posteriores à conquista do campeonato de 1937, percebia que o Galícia teria destaque no início da década e alertavam que o clube lutaria para reconquistar o título de “O Demolidor de Campeões” - termo usado pela imprensa atribuído ao jornalista do jornal A Tarde, Aristóteles Gomes, a autoria do apelido.
No ano de 1941, o Bahia queria uma melhor de três contra o Galícia, na final. O azulino, por sua vez, não concordava e considerava-se Campeão pois tinha quatro pontos à frente do Tricolor na tabela. Depois de muita confusão e indefinição o Campeonato Baiano de 1941 encerrou no dia 25 de fevereiro de 1942, tendo o Galícia proclamado Campeão Baiano.
Já O Bicampeonato não foi tão truculento. Depois de uma campanha invejável a equipe granadeira conquistou o Campeonato Baiano de 1942, vencendo o seu sempre freguês, o Bahia, por 3x1, no dia 31 de outubro de 1942. Gols de Palito (dois) e Reginaldo.



A história do Tri é, sem dúvida, cheia de emoção. O Campeonato de 1943 foi decidido em uma melhor de três contra o Botafogo. O Galícia chegou à disputa do título após está, quase todo o campeonato, na terceira colocação da tabela, e o Botafogo liderando.
A chegada para a reta final foi alcançada por mérito do próprio Galícia, que impediu a acelerada marcha do Botafogo rumo ao título. No jogo em que o Botafogo sagrar-se-ia campeão se vencesse ou empatasse, o Galícia derrubou-o por 3x0. Todos os três gols de Izaltino. E se lançou para a disputa do título.
No primeiro confronto o Galícia saiu na frente e ganhou o jogo por 4x2, no dia 18/4/1944, com gols de Izaltino, Pequeno, Louro e Curto. No segundo embate, no dia 25/4/1944, o Botafogo venceu por 2x1, dando mais emoção à final. Na última e decisiva partida do Campeonato Baiano de 1943 o time da Cruz de Santiago, o Galícia, venceu o Botafogo por 5x1, sagrando-se TRI-CAMPEÃO BAIANO, no dia 28 de abril de 1944, com gols de Pequeno (fez dois), Izaltino, Curto e Alberto.
Após estes títulos, o Galícia somente 25 anos depois voltaria a ganhar um campeonato baiano (1968), numa campanha com 27 jogos, 11 vitórias, 15 empates e apenas uma derrota.


Capa do Estado da Bahia de 16 de setembro de 1968. Na foto, Sapatão tenta ganhar o duelo contra Chiquinho. O empate de 0 X 0 com o Fluminense de Feira, na Fonte Nova, bastou para que o “Demolidor de Campeões” conquistasse o quarto título baiano, depois de 25 anos sem faturar um campeonato.

Seu melhor desempenho regional foi no anos seguinte com o vice-campeonato da Zona Nordeste do Torneio Norte-Nordeste de 1969. Nacionalmente, participou do Campeonato Brasileiro da Primeira Divisão em 1981 e 1983, além de disputar a Terceira Divisão entre 1995 e 1997.
Rebaixado para a Segunda Divisão do Campeonato Baiano em 1999, e após tentar, sem sucesso, retornar à Primeira Divisão nas duas temporadas seguintes, o clube licenciou-se da competição profissional em 2002 e passou a disputar o Campeonato Baiano somente nas categorias inferiores.
Em 2006, um importante acontecimento teve lugar na história do Galícia: a criação, por um grupo de torcedores, da ATAG - Associação Torcedores e Amigos do Galícia, com o objetivo de assessorar e estimular o clube nas questões patrimonial, administrativa e social.
Naquele mesmo ano, o clube voltou a participar do Campeonato Baiano profissional, após quatro temporadas licenciado. No retorno, terminou apenas em terceiro lugar, insuficiente para conseguir o acesso. Em 2007, repetiu a tentativa, conseguindo desta vez o vice-campeonato. Porém, como apenas o campeão era promovido, continuou na Segunda Divisão, da qual participará novamente em 2008.

Símbolos

O Galícia é conhecido como "Demolidor de Campeões", "Granadeiro" ou "Azulino", e é considerado o "segundo time do coração" dos torcedores do Bahia e do Vitória.
Seu escudo é branco com uma faixa diagonal azul e a Cruz de Santiago em vermelho ao centro. O uniforme é composto por camisas azuis, calções e meias brancas.
O hino foi composto por Francisco Icó da Silva, tendo sido gravado pelo Inema Trio (formado por Douglas e a dupla Tom e Dito, famosa por interpretar também a música "Tamanco Malandrinho").

Títulos

Estaduais
Campeonato Baiano: (1937, 1941, 1942, 1943 e 1968).
Vice-Campeonato Baiano: (1935, 1936, 1938, 1939, 1940, 1967, 1980, 1982 e 1995).
Campeonato Baiano 2ª Divisão: 1985, 1988.
Vice-Campeonato Baiano 2ª Divisão: 2007.
Torneio Início: (1935, 1936, 1939, 1945, 1946, 1950, 1954, 1957 e 1960).
Nota: Em 1938, foram disputados dois campeonatos baianos. No primeiro, o Botafogo foi o campeão. No segundo, o campeão foi o Bahia e o Galícia o vice.

Ídolos

Alguns jogadores de projeção nacional foram revelados no Galícia, tais como Marinho Peres, campeão brasileiro de 1976 pelo Internacional e zagueiro titular da Seleção Brasileira na Copa da Alemanha - 1974, o lateral-direito Toninho os atacantes Washington e Oséas, Servílio (ex-Corinthians) e Vevé (ex-Flamengo), todos eles com diversas passagens pela Seleção Brasileira.

Outro jogadores que se tornaram ídolos do clube foram Nelson Leal (que continua sendo um craque de bola, apresentando seu talento todo sábado pela manhã no Clube Espanhol, em Salvador), Evilásio, Esquerdinha, Lenilson (atualmente no São Paulo), Lula Mamão, Ferreira e Helinho (goleiros), Morais (ex-Cruzeiro), Pirulito, Valtinho, Robson, Rangel, Gláucio, Léo Mineiro e Moisés dentre outros. Também jogou no Galícia o atacante Jacozinho, que se notabilizou na partida de despedida de Zico, quando foi o destaque do jogo.

Entre os grandes treinadores galicianos, como Jorge Vieira (1968), Danilo Alvim (1981), Abel Braga (1987) e Eládio Magalhães (1995), figurou com destaque o campeão mundial de futebol Aymoré Moreira, treinador do Brasil no bicampeonato no Chile em 1962. Com Aymoré, a equipe chegou ao vice-campeonato baiano em 1980.

Curiosidades

- Na década de 1940, o jogo Galícia x Bahia era considerado pela imprensa como o “Fla x Flu baiano”. Isso, porque as duas equipes quando se enfrentavam davam o melhor de si para conquistar a vitória. A rivalidade se assemelha ao memorável Ba x Vi, dos dias de hoje.

Fontes:

http://www.galiciaec.com.br/index.php Site oficial do Galícia Esporte Clube

http://www.granadeiros.com Site não-oficial

terça-feira, 1 de julho de 2008

Memória do Futebol Baiano - Ypiranga



"Outros clubes do futebol baiano podem ser mais ricos, mais prósperos, mais badalados pela imprensa, donos até de maior torcida e de maior número de títulos recentes. Nenhum de gloriosa tradição quanto o E.C. Clube Ypiranga, o time de Popó, antigamente poderoso, milionário, invencível, supercampeão... O Ypiranga pode perder a vontade por que já ganhou demais, já deu muita alegria aos seus fiéis torcedores. Se o visitante tiver de escolher um clube de futebol, escolha o Ypiranga..."

Jorge Amado


Alcunhas: O Mais Querido
Mascote: Canário

O Esporte Clube Ypiranga é um clube de futebol com sede em Salvador, Região Nordeste do Brasil. Suas cores são amarelo e preto.
É o terceiro clube com mais títulos baianos, depois do Bahia e do Vitória, com 10 conquistas no total.

História

Fundação: 7 de setembro de 1906, no sobrado 41 da Rua da Faísca, esquina com Travessa do Gabriel, centro de Salvador. Primeiro nome: Sete de Setembro Futebol Clube, depois Esporte Clube Ypiranga. Fundadores: Alfredo Francisco Dias, Frutuoso Almeida, Raimundo dos Santos Camacho, João Pinheiro, Manuel Souza, José Arouca e Cecílio Menezes. O Ypiranga é o terceiro clube com mais títulos baianos (10), depois do Bahia e do Vitória. Atualmente, a equipe profissional disputa a 2ª Divisão do Campeonato Baiano de Futebol. O Estádio Deputado Galdino Leite (Vila Canária) tem capacidade para 4.000 espectadores. Mas por falta de condições de jogo o time está utilizando o Estádio Roberto Santos que tem capacidade para 15.000 espectadores.
Primeiro Uniforme: camisa verde, calção branco, depois trocado por camisa toda preta, calção branco. O uniforme listrado passou a ser utilizado em 1911. Depois, a camisa amarela entrou no guarda roupa. As primeiras bolas do Ypiranga eram feitas de meia, pois não havia recursos para comprar material esportivo.
No início do Século XX, jovens excluídos sociais trabalhadores de ofícios e de ganhos impedidos por fatores étnicos, sociais e econômicos, cotizaram-se e fundam o Sport Club Sete de Setembro, em 17 de abril de 1904, que é extinto em 7 de setembro de 1906, para dar lugar ao Sport Club Ypiranga (atualmente Esporte Clube Ypiranga).
O nome do novo time é escolhido de forma emblemática, fruto do momento conjuntural de construção da identidade nacional.
O Esporte Clube Ypiranga é a síntese da união dos pobres da cidade, que querem se integrar construindo um tempo novo, rompendo com privilégios das elites arraigadas pelo escravismo do antigo regime imperial.
O Ypiranga não é o time que apenas permitia que negros e pobres figurassem no seu elenco, de maneira oportunista e utilitária. Ele foi fundado e dirigido por esses segmentos, seus torcedores eram os excluídos sociais e quem se identificava com esses.
O primeiro título do aurinegro veio em 1917 e foi categórico. Na disputa por pontos corridos contra seis times, "o mais querido" venceu oito e empatou dois (contra Flu de Salvador e Internacional). No ano seguinte, bicampeão com oito vitórias. Outro bi em 20/21 quando se tornou o maior vencedor do estado: quatro títulos contra dois de São Salvador, Vitória e Fluminense.
Se o Botafogo fatura em 30 o quarto caneco, o Ypiranga faz 16x0 no Democrata, maior goleada da história do Baianão.
O surgimento do Bahia na década de 30 foi devastador para o clube canário, com seis títulos em dez disputados. O Ypiranga tentava reagir ao faturar as taças de 32 e 39. "O mais querido" não sabia, mas caía para segunda força no campo e no coração. Em 1951, venceu pela décima e última vez o estadual, quando o tetracampeão Bahia acumulava 12 títulos e o Vitória, apenas os dois de 1908/09.

Um gigante adormecido

Quando se fala em futebol baiano, as pessoas logo pensam no Bahia e no Vitória, mas nem sempre foi assim. Na primeira metade do século passado, o grande time no estado era outro. O Ypiranga era a equipe de maior torcida e o recordista de títulos.
Há 80 anos, a camisa do Ypiranga era a mais vendida nas lojas do ramo da cidade e o hino do clube a música mais cantada.
Alguns torcedores ilustres já se foram. O escritor Jorge Amado era conselheiro do clube. Irmã Dulce, antes de virar freira, não perdia um jogo do Ypiranga. O ídolo da irmã chamava-se Apolinário Santana, mais conhecido como Popó. Ele até nome de rua virou. Popó foi o maior craque do esporte baiano nas décadas de 20 e 30. Foi bi-campeão estadual jogando pelo Ypiranga.
Só que a era de Popó se foi. A partir da década de 50, o clube começou a perder o brilho. No ano que vem o time completa 100 anos e agora a luta é para que o time não desapareça de vez.
A Vila Canária, o centro de treinamento, é o retrato da decadência. Sem dinheiro, o Ypiranga não disputa uma competição profissional desde 2001. A parceria com um bingo foi a última tentativa de salvação, mas terminou mal e a sede do clube foi penhorada pela Justiça.
Atualmente, encontra-se licenciado do campeonato baiano.

Títulos

Copa Norte-Nordeste: 1951.
Campeonato Baiano: 10 vezes (1917, 1918, 1920, 1921, 1925, 1928, 1929, 1932, 1939 e 1951).
Vice-Campeonato Baiano: 10 vezes (1915, 1924, 1926, 1927, 1931, 1933, 1937, 1938[1], 1942 e 1949).
Torneio Início: 8 vezes (1919, 1922, 1929, 1933, 1947, 1956, 1959 e 1963).

Ídolos

Apolinário Santana, o Popó: O maior carque do Ypiranga e do Estado da Bahia em todos os tempos.



Apolinário Santana, mais conhecido como Popó. Foi homenageado até com nome de rua. Popó foi o maior craque do esporte baiano nas décadas de 20 e 30. Foi bi-campeão estadual jogando pelo Ypiranga.
Outros ídolos do Ypiranga: Ferrari, Pequeno, Marito, Israel, Antônio Mário.

Curiosidades:

- O primeiro campeão estadual no Estádio Otavio Mangabeira (Fonte Nove) foi o Ypiranga.
- No primeiro jogo noturno realizado na Fonte Nova o Ypiranga “bateu” o grandioso São Paulo.
- O Vasco da Gama depois de uma longa e invicta temporada no Norte e Nordeste, tendo vencido, inclusive, nosso co-irmão E.C. Bahia, teve sua invencibilidade “quebrada” pelo Ypiranga.
- Em memorável jogo com o Remo do Pará, a quem venceu, o Ypiranga foi campeão do primeiro torneio Norte/Nordeste.
- O Atleta do Século Edson Arantes, PELÉ, tem titulo de sócio do Ypiranga que lhe foi concedido em 1971.


Fontes: Wikipedia
http://ec.ypiranga.zip.net